Juvenília: morre a educadora Márcia de Souza Almeida

Dona Márcia morreu na noite desta terça-feira (20) em Belo Horizonte, aos 100 anos de idade. O velório será realizado no Parque da Colina a partir das 10 horas e o sepultamento às 17 horas desta quinta-feira (20)

Professora
Professora

A educadora Márcia de Sousa Almeida foi a fundadora das Escolas Caio Martins, junto com seu esposo, o Coronel Manoel José de Almeida. Deixou um grande legado. Foi um exemplo de mulher, mãe e esposa, educadora de milhares de crianças e que, longe de ser apenas uma observadora, foi autora do magnífico mister de disseminar bons frutos ao longo de sua existência.

Dona Márcia morreu na noite desta terça-feira (20) em Belo Horizonte, aos 100 anos de idade. O velório será realizado no Parque da Colina a partir das 10 horas e o sepultamento às 17 horas desta quinta-feira (20).

Em 1917 o Brasil tinha o privilégio de fazer brotar da sua terra fértil, em um pequeno município no sul de Minas Gerais, uma mulher que marcaria para sempre a história milhares de jovens no estado, os chamados de “caiomartinianos”. Márcia de Souza Almeida, que comemorou 100 anos de vida em 2017 é a representação da mulher brasileira à frente de seu tempo, que com coragem e ternura transformou a vida de mais de 80 mil pessoas e suas famílias.

A história de Dona Márcia com a educação começou muito cedo. Em 1938, aos 21 anos de idade, após se formar como Normalista, criou a sua primeira escola. Em 1941 uma união marcaria para sempre a vida de crianças no interior de Minas Gerais: o casamento com o jovem tenente da Polícia Militar Manoel José de Almeida. Juntos o casal dá início as Escolas Caio Martins com a abertura da sua primeira unidade em Esmeraldas (MG), hoje Fundação Educacional Caio Martins que também está nos municípios mineiros de Januária, Juvenília, Buritizeiro, São Francisco e Riachinho.

Nos anos 60, Manoel de Almeida é eleito Deputado Federal e a família muda-se para Brasília (DF). Dona Márcia passa a lecionar na cadeira de música na Escola Elefante Branco e em 1962 começa a trabalhar no gabinete do Ministério da Educação. Em 1976 forma-se em pedagogia e, durante esse período em Brasília, as Escolas Caio Martins se transformam em Fundação Caio Martins – FUCAM, através da Lei nº 6514 de 1974.

Em 1990 Dona Márcia assume o posto de presidente da FUCAM e a partir de então começa a ganhar reconhecimento mundial, através de medalhas e prêmios pelo seu feito na educação. Em 1996 recebe a Medalha da Inconfidência em Ouro Preto (MG). Em 1998 recebe a Medalha e Comenda do Mérito Judiciário do Trabalho das mãos de um ex-aluno da Caio Martins que se tornou MInistro do Superior Tribunal do Trabalho. Em 2003 foi considerada a Mulher do Ano na Educação pelo Ministério da Educação e em 2004 recebe homenagem na Embaixada do Brasil em Roma, através das mãos do Embaixador Itamar Franco.

Mesmo com os enormes desafios e dificuldades, Dona Márcia se manteve forte e companheira, desbravando o interior de Minas Gerais ao lado do companheiro Manoel de Almeida. Uma mulher que foi mãe não só de seis crianças biológicas, mas que tratou como filho cada uma das crianças das Escolas Caio Martins, doando-se com afeto, atenção e respeito àqueles pequenos cidadãos que seriam os alicerces futuros do país.

Não há dúvidas que Márcia de Souza Almeida, que registrou todas as memórias da Caio Martins em seu livro “Semeando e Colhendo”, fez uma trajetória de dedicação, solidariedade e amor na e pela educação. E é certo que jamais um caiomartiniano se esquecerá das suas aulas de música ao pé da árvore nas tardes ensolaradas de Minas Gerais e de seu olhar eternamente amoroso.

Uma história de vida onde a educação sempre ocupou a sala de estar da casa. Entre filhos e netos, a então funcionária do Ministério da Educação – MEC e pedagoga Márcia de Almeida Souza, enredou sua família em um ambiente onde a educação foi vista como instrumento transformador. Graças a isso os netos como Maria Paula Taunay puderam entender, desde pequenos, a importância do conhecimento e da ternura. “Tive a felicidade de nascer e ser acolhida na casa da minha avó com poucos dias de nascida. A casa era muito alegre e os filhos animados. Minha vó sempre gostou muito de música e sempre foi muito eficiente com as coisas da casa e a educação era assunto corriqueiro e tinha uma áurea de sagrada, de transformadora, de renovadora”, relembra Maria Paula sobre os momentos em que viveu na casa da avó Dona Márcia e do avô Coronel Almeida.

Mulher de fibra, mãe, avó e educadora, Dona Márcia sempre esteve ao lado do Coronel Almeida, seja nos Centros Educacionais da FUCAM, seja durante o período em que Coronel se dedicou a política do país, somando 6 mandados como Deputado Estadual e Deputado Federal. Não importava as longas viagens de carro pelo país, lá estava ela com os filhos e netos ajudando Manoel de Almeida na redação e correção dos seus discursos políticos. Ao mesmo em que exercia com maestria seu papel de mãe e avó com amor e carinho, levando à tira colo as frutas e biscoitos que faziam a alegria das crianças durante os longos períodos pelas estradas Brasil à fora.

Juvenília e seu povo sofrem e choram a perda desta incrível mulher.

Deixe seu comentário