Paciente é transportado ilegalmente em caminhonete da Prefeitura de Bom Jesus da Lapa

O médico atendeu a paciente não quis gravar entrevista, mas caso fosse regulada, dona Maria seria encaminhada para alguma unidade hospitalar na Bahia, provavelmente em Salvador, Vitória da Coquista ou Barreiras, pois a central de regulação não é interestadual.

Uma idosa de 76 anos, com uma fratura no fêmur, foi atendida na UPA de Bom Jesus da Lapa e, após ser medicada com remédio para aliviar dor, foi liberada para retornar para casa, na Fazenda Batalha, no interior do município. Até aí normal, se não fosse a forma de remoção da paciente: jogada na carroceria de uma caminhonete que integra a frota da Prefeitura.

Populares que presenciaram o episódio se indignaram com o descaso para com a paciente, tanto pela alta médica sem a imobilização da área fraturada, quanto pela forma de transportá-la.

“Como pode um ser humano ser tratado assim? Parece que está carregando bicho e não gente. Será que se a vítima fosse mãe ou um parente de uma autoridade lapense seria tratada do mesmo jeito? Além de toda irregularidade tem o agravante de ela está fraturada e pegar uma estrada toda esburacada a bordo de um carro que não tem estabilidade, ou seja, pode piorar o ferimento. Isso sem falar no risco de acidente”, desabafou João Paulo Oliveira, que presenciou a cena.

Teoricamente, o veículo, fruto de uma parceria entre os governos municipal, estadual e federal, seria destinado exclusivamente ao transporte de profissionais da Saúde à zona rural, em campanhas de vacinação ou situações similares, mas nunca para fazer a remoção ou transferência de pacientes. Para este fim existem as ambulâncias.

A idosa já estava a caminho de casa, quando o motorista do veículo parou no posto Gruta da Lapa. A cena chamou atenção de quem estava no local. O empresário Fernando Costa se sensibilizou com a situação e orientou a família a retornar para a sede e os acompanhou até o Hospital Carmela Dutra, para dar entrada na internação e, em caso de transferência, utilizar o transporte adequado.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Marcelio Magno Magalhães, o episódio é um fato isolado, que não reflete as práticas habituais em Bom Jesus da Lapa. Segundo ele, o motorista decidiu por conta própria prestar socorro à idosa e agiu sem comunicar aos seus superiores. Ele definiu a iniciativa de “conduta indevida”.

“Nós só tomamos conhecimento depois que tudo ocorreu. O funcionário, que agiu sem a nossa autorização, já foi chamado e advertido. Todos sabem que nesses casos devem acionar o Samu 192”, argumentou o titular da pasta.

O socorro que o motorista prestou à vítima até a UPA, embora errôneo, é compreensivo, apesar de ao fazê-lo ele ter infringido as normas da secretaria e o Código de Trânsito, já que o mesmo proíbe o transporte de passageiro em carrocerias de caminhonetes e caminhões. Entretanto, não justifica o fato de a vítima ter sido liberada da unidade médica naquela condição.

Segundo a equipe que prestou atendimento, o caso da idosa é de alta complexidade e, portanto, o município não dispõe de estrutura para realizar o procedimento necessário. Já Marcelio disse que há cinco ortopedistas atuando na rede municipal de saúde, inclusive cirurgiões.

“O que tem condição de fazer aqui a gente faz, inclusive nós temos realizado cirurgias de fêmur, mas no caso desta senhora tem que ser analisados outros fatores, como a idade. Essa paciente poderia precisar de uma UTI, um cardiologista, etc., aí não arriscamos, pois o nosso hospital é de média complexidade”, completou.

Questionado sobre a falha médica, ao dar alta a uma paciente com trauma e submetê-la a um transporte ilegal, o secretário alegou que não tinha conhecimento dos fatos e que irá apurá-lo. Ele também não soube informar a razão pela qual a idosa foi liberada para casa sem entrar para a central de regulação que a encaminharia para uma unidade especializada capaz de fazer o procedimento necessário.

A filha da idosa, Maria, conversou rapidamente com a reportagem do Oeste Acontece e contou que os médicos disseram a ela que a paciente teria que ser encaminhada para São Paulo.

“Me disseram para eu tirá-la para São Paulo ou então ela ficaria aleijada, em cima de uma cama. Que dificilmente voltaria a andar”, ressaltou.

O médico atendeu a paciente não quis gravar entrevista, mas caso fosse regulada, dona Maria seria encaminhada para alguma unidade hospitalar na Bahia, provavelmente em Salvador, Vitória da Coquista ou Barreiras, pois a central de regulação não é interestadual.
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Por:Oesteacontece.com.br

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