Morre diácono Ozório em Montalvânia

Morre o diácono Ozório, que teve sua vida dedicada a fé, evangelização e a caridade.

DiáconoOzório Nunes de Souza, morador da comunidade de Flecheira, foi ordenado diácono no dia 21 de setembro de 1993, pelo padre Guilherme Micheles, pelos seus relevantes trabalhos prestados à comunidade e à Igreja naquela distante região.

Tem uma história de dedicação, renúncia, amor ao próximo, determinação e desprendimento.

Nasceu no dia 24 de fevereiro de 1929. Foi casado com dona Elmira Almeida, falecida há oito anos, com quem teve 6 filhos. Além dos filhos naturais ainda adotou mais 10 crianças e ajudou a cuidar de muitos outros.

Nasceu e foi criado na região da Flecheira, comunidade rural distante 50 quilômetros de Montalvânia, no meio do sertão dos Gerais. Local de difícil acesso e distante de tudo.

Desde muito novo ajudava nos trabalhos da Igreja e preocupava-se com a educação e evangelização do povo da comunidade, principalmente crianças e jovens.

Seu Ozório morreu nesta sexta-feira, em decorrência de um câncer de próstata. Seu corpo será velado na igreja da comunidade de Flecheira, em Montalvânia, hoje (11) a partir das 21 horas e o sepultamento será neste sábado (12) pela manhã.

Teve uma vida de renúncia, ajudando o seu povo a ter esperanças de dias melhores.
Foi um grande pedagogo e mistagogo, que é aquela pessoa que tem conhecimento dos “mistérios sagrados” e inicia as pessoas nestas crenças.
O advogado Áureo Nogueira de Barros, nascido e criado na região, disse que ele foi um homem que dedicou sua vida ao seu povo e à Igreja.
– Serviu a comunidade por muitos anos sempre junto de todos em busca de um ideal. Criou neste grande sertão uma igreja e uma escola. Foi professor sem receber salário algum. Sua vontade de ensinar era tanta que cedeu sua própria casa para que funcionasse uma escola. Através da educação e da fé conquistou o seu povo, disse o advogado.
Vocação para o sacerdócio
Estudou apenas até a antiga quinta série, mas sempre procurava se atualizar o tempo todo. Lia muito, principalmente a Palavra de Deus. Andava a pé, até onde tivesse alguém, para pregar e ensinar a ler. Incentivava a leitura distribuindo, gratuitamente, livros, cadernos, lápis e borrachas para que as pessoas da comunidade pudessem aprender a ler, escrever e a rezar.
Construiu uma escola para alfabetizar as crianças e jovens da comunidade, a hoje escola Estadual de Bonfim.
Tinha vocação para ser padre, mas por falta de conhecimento de como deveria agir e também por dificuldades financeiras não levou adiante o seu sonho de ser sacerdote. Mas isso não o impediu de realizar sua vontade de evangelizar e continuar sua obra como missionário de Deus.
A merendeira, Maria de Lourdes Mota Silva, 55 anos, que foi uma das muitas pessoas beneficiadas por ele disse que o diácono Ozório foi uma pai para a comunidade, um herói. Uma pessoa que semeou o bem ensinou toda a comunidade a rezar e a estudar.
– Era tão preocupado com a formação moral e cristã das pessoas que ele própria teia e costurava roupas para aqueles que não as tinham, para que pudessem ir à missa e à escola. Um homem caridoso que plantou a semente do amor ao próximo. Foi e ainda é muito bom para a comunidade. Uma referência para um povo e uma região. Tudo que sou devo a ele, disse a merendeira.
Por:Fernando Abreu

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